terça-feira, 26 de abril de 2011

Madrugada


Aqui está mal iluminado. A escuridão toma o aposento quase por completo. Há apenas um feixe de luz vindo da luminária de mesa a minha frente. Não tenho medo do escuro como antes. Nele aprendi a me camuflar. Me esconder. Não sei ao certo de que. Não me pergunte. Meu olhar vaga nessa escuridão em busca de algo inesperado, assim penso. Meus ouvidos estão atentos a qualquer ruído desta casa silenciosa. Já é tarde. Estou sem sono. Tentei me distrair inúmeras vezes mais nada do que fiz foi capaz de me manter "desligada" por muito tempo.
O barulho do relógio agora me incomoda. Na verdade o que incomoda é o passar do tempo. As horas parecem se arrastar numa velocidade alucinada. E eu continuo aqui. Na minha mente um turbilhão de pensamentos surgem numa fração de segundos e se dissipam em um piscar de olhos. Sinto medo. Sinto medo não do escuro ou desse silêncio que grita aos meus ouvidos. Sinto medo dos meus pensamentos traiçoeiros, enganadores. Que fazem eu me esforçar para descobrir quem sou, mais no final todas as tentativas são em vão.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Mais uma vez...lágrimas


Ontem mais uma vez a vi chorar. Saudade era o motivo. Me disse sem sequer falar uma palavra. Bastou o olhar. Eu também não lhe disse nada, como antes fazia. Do que adiantaria lhe dizer que isso um dia vai passar. Que essa dor será amenizada com o tempo, se nem mesmo eu acredito nisso?
Nos restou apenas o silêncio. Te puxei pela mão e te abracei. Apenas abracei. Isso foi o suficiente.
A vida é assim. Aprendi. Ela apenas segue o seu rumo sem se importar se nesse processo iremos sorrir ou chorar. Seu choro, sua dor são apenas a certeza de que não adianta levarmos um considerável tempo de nossas vidas nos preparando para a perda. A capacidade de aceitar a morte, principalmente, é algo que vai bem mais além da nossa vontade.

domingo, 3 de abril de 2011

Faça uma lista dos grandes amigos,
Quem você via há dez anos atrás...
Quantos você ainda vê todo dia?
Quantos você não encontra mais?
Faça uma lista dos sonhos que tinha,
Quantos você desistiu de sonhar?
Quantos amores jurados para sempre...
Quantos você conseguiu preservar?
Onde você ainda se reconhece,
Na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria?
Quantos amigos você jogou fora...
Quantos mistérios que você sondava,
Quantos você conseguiu entender?
Quantos defeitos sanados com o tempo,
Era o melhor que havia em você?
Quantas mentiras você condenava,
Quantas você teve que cometer?
Quantas canções que você não cantava,
Hoje assobia pra sobreviver...
Quantos segredos que você guardava,
Hoje são bobos ninguém quer saber...
Quantas pessoas que você amava,
Hoje acredita e amam você?

(Grande Oswaldo Montenegro... =D)

sábado, 2 de abril de 2011

Pelo resto de nossas vidas...

Existem coisas pequenas e grandes,
coisas que levaremos para o resto de nossas vidas.
Talvez sejam poucas, quem sabe sejam muitas,
depende de cada um, depende da vida que cada um de nós levou.
Levaremos lembranças, coisas que sempre serão inesquecíveis para nós.
Coisas que nos marcaram, que mexeram com a nossa existência em algum instante.
Provavelmente iremos pela vida a fora colecionando essas coisas,
colocando em ordem de grandeza cada detalhe que nos foi importante,
cada momento que interferiu nos nossos dias, que deixou marcas.
Cada instante que foi cravado no nosso peito como uma tatuagem.
Marcas, isso... serão marcas. Umas mais profundas.
Outras superficiais, porém, com algum significado também.
Serão detalhes que guardaremos dentro de nós e que se contarmos para terceiros talvez não tenha a menor importância, pois só nós saberemos o quanto foi incrível vivê-los.
Poderá ser uma música, quem sabe um livro, talvez uma poesia,
uma carta, um e-mail, uma viagem, uma frase que alguém tenha nos dito num momento certo.
Poderá ser um raiar de sol, um buquê de flores que se recebeu, um cartão de natal,
uma palavra amiga num momento preciso.
Talvez venha a ser um sentimento que foi abandonado,
uma decepção, a perda de alguém querido,
um certo encontro casual, um desencontro proposital.
Quem sabe uma amizade incomparável, um sonho que foi alcançado após muita luta.
Um que deixou de existir por puro fracasso.
Pode ser simplesmente um instante, um olhar,
um sorriso, um perfume, um beijo.
Para o resto de nossas vidas levaremos pessoas guardadas dentro de nós.
Umas porque nos dedicaram um carinho enorme.
Outras porque foram o objeto do nosso amor.
Ainda outras por terem nos magoado profundamente,
quem sabe haverão algumas que deixarão marcas profundas por terem sido tão rápidas em nossas vidas e terem conseguido ainda assim plantar dentro de nós tanta coisa boa.
Lá na frente é que poderemos realmente saber a qualidade de vida que tivemos.
A quantidade de marcas que conseguimos carregar conosco.
E a riqueza que cada uma delas guardou dentro de si.
Bem, lá na frente é que poderemos avaliar do que exatamente foi feita a nossa vida.
Se de amor ou de rancor. Se de alegrias ou tristezas.
Se de vitórias ou derrotas. Se de ilusões ou realidades.
Pensem sempre que hoje é só o começo de tudo.
Que se houver algo errado ainda há tempo de ser mudado. E que o resto de nossas vidas de certa forma ainda está em nossas mãos.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Um vazio que se chama saudade


Pode a luz trêmula desta vela iluminar a noite do mesmo modo que seu espírito ilumina minha alma?
Pai, você pode me ouvir?
Pai, você pode me enxergar?
Pai, você pode me ouvir na noite?
Pai, você está perto de mim?
Pai, você pode me ajudar a não ser tão assustada?
Olhando para o céu pareço ver um milhão de olhos.
Quais deles são os seus?
Onde está você agora que ontem veio, agora se foi e fechou as portas?
A noite é muito escura.
O vento é muito frio.
O mundo que enxergo é muito maior agora que estou sozinha.
Ajude-me a enfrentar o que vem pela frente.
Pai, você pode me ouvir rezando?
Qualquer coisa que eu diga mesmo que a noite esteja cheia de vozes?
Lembro-me de tudo o que me ensinou, cada gesto, cada palavra.
As árvores são muito altas e eu me sinto tão pequena.
A lua parece estar duas vezes mais solitária.
E as estrelas estão em parte, mais brilhantes.
Pai, como eu te amo.
Pai, como eu preciso de você.
Sinto falta dos seus beijos de boa noite.

Bagunça


Meu peito está sem forças. O coração está esmagado. Os braços sem movimento algum. Meus beijos sem sabor. Os olhos cinzentos. O toque sem calor. Ouvidos sussuros não ouvem mais. Tudo parou. Foi simplesmente você o causador de tamanho sofrimento. De tanta dor. Ilusão. Não consigo compreender. Desarrumaste tudo. Brincaste o quanto pôde. Fizeste uma real bagunça. Agora me questino, por quê? Por qual razão? Será que alguém já o fez sentir o mesmo um dia? Talvez.