segunda-feira, 23 de maio de 2011

Valores substituíveis

Ciúme. Corrupção. Medo. Repulsa. Nojo. Fracasso. Decepção. Depressão… Fico pensando como foi que nomearam todas essas coisas indefiníveis. E como muitas vezes elas podem descrever coisas inomináveis.
O ser humano é podridão que floresce. E ainda se orgulha de “ser-se”. Mas acho que “ser-se” é neologismo barato. Estamos tampouco preocupados com o que ocorre e como podemos fazer para ajudar. Estamos mais preocupados em como estamos parecendo. O que parecemos pensar. Que pose se encaixaria melhor em seu perfil azulado. E quais escolhas seriam as sensatas a se tomar quando questionado.
Não levantamos uma pedra se podermos contorná-la. E quando o fazemos achamos vermes. Mas na verdade é um espelho. E como os seres humanos adoram espelhos. A roda que se f*da, o espelho foi a maior invenção humana. Nem mesmo precisam da água para refletir-se, que joguem-se barris de petróleo na água. Posso me ver claramente. Como narciso teria sorte apaixonando-se por si em um espelho. Seria algum ator ou serviria alimentos insípidos em algum lugar qualquer. Mas estaria bem.
Estamos tão acomodados a sujeira que nos envolve que não sabemos dizer se ela está ali ou se materializamo-nos nela. É sempre uma possibilidade. E compramos perfumes caros. E sonegamos impostos mal-roubados. Assistimos apáticos mortes verdadeiras mas empolgamo-nos com cenas de ação. Compramos na promoção coisas com preços absurdos. E tornamos a vomitar valores que pregamos. Usamos camisetas irreverentes. Pagamos por nossos direitos. E mal podemos defendê-los sozinhos. E os códigos são codificados até mesmo para os alfabetizados. A cultura custa mais do que se pode pagar. E paga-se a conta de luz. As novelas findam-se para que recomecem com o mesmo enredo. Lançando aquilo que já foi desfilado. Vendendo aquilo que esta nas prateleiras enferrujadas.
Eu sou parte disso embora isso não faça parte de mim. Sou uma nota de Um real que nunca mais vi. Um valor que existe, que porém é substituível e dispensável. Valorizado e ignorado. Esquecido em algum bolso. Caído em algum lugar. Não podendo ser trocado por mais que alguns doces insignificantes. Mas há quem adore doces. E coisas que valham menos.

Prefiro manter meus valores do que apodrecer entre moedas de metal frio.

Um comentário:

  1. Narinha,
    Discurso fundado em uma sociedade Neoliberal, resposta mais obvia que poderia lhe dar, é que é tudo culpa do sistema, faz acreditarmos em coisas que não faz parte de nós. É isso mesmo que você postou! Grande Abraço, e Reativei meu Blog. Visite, é o mesmo endereço - http://maxyataco.blogspot.com

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