segunda-feira, 23 de maio de 2011

Tudo depende do lado que você observa.


Eu não sou nada. Suas mãos me atravessam. Eu sou invisível. Nada transparente. Opaca. Através de mim. Talvez um mundo melhor. Mas dentro. Nada pior. Vidraça. Trincada nos cantos. Polida até brilhar. Não sustentando qualquer peso. Atravessada por uma paisagem que não me pertence. O mundo é belo. Só isso que posso dizer. Mostrá-lo. Escuro ou claro. Ele ainda está lá. Através de mim. Eu não o represento ou o aprisiono. Ilusão seria acreditar que o protegeria dele sem quebrar.
Se tornasse a pensar como seria. Quem sabe, desejando o contrário… O que se realizaria? Uma terceira opção que não me agrada. E sempre existem lágrimas. Por mais que os pores-do-sol continuem a encenar. O dia sempre se finda. E eu só posso fazê-lo sorrir. O que mais eu poderia fazer? Dizer-lhe que todas as coisas se realizarão? Que tudo será perfeito? Que pra todos os problemas tem jeito? Que não se sentirá só? Que não se magoará? Que não magoará ninguém?
Eu sou otimista. Não mentirosa. As coisas darão errado. É a tradição. Apesar dos sorrisos largos. Apesar do tempo escasso. Sempre há o fracasso. Mas sempre lhe resta a lição. De todas as coisas ruins. De todos os momentos tristes. De todas as páginas rasgadas. E em todas as despedidas. Sempre há o que fica. Há o retrovisor da vida. E a possibilidade de ir pela contra-mão. Na velocidade permitida. Ou não.
Você vai falhar inúmeras vezes. Você vai chorar por meses. Você vai se arrepender. Você vai escolher. E isso vai te rasgar. E ao se costurar, você vai sangrar. Mas por mais que ao olhar-se no espelho você veja retalhos. Eu vejo um confortável cobertor improvisado. Esse é o meu pecado. Ver o outro lado. Mesmo quando errado. Sendo ou não o combinado. Eu encontro um atrativo. Preferindo ser enganado pelo positivo. Eu simplesmente vejo o bom lado. E o abraço sem descaso.

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