segunda-feira, 23 de maio de 2011


O ser humano, renegando sua instintividade. Vive como matilha. Resguardam-se como ovelhas. E dormem como filhotes. Ambiciosos com os olhos abertos. E desejosos quando fechados. Embora sentindo-se espertos, matam-se sufocados.
No curto suspiro que se observam. Delegam-se objetivos e objetos. Vestindo roupas que os apertam. Julgando aqueles que não se adéquam. Comprando carros que os distinguem. Entupindo ruas que os afastam. Vendendo almas que não possuem. E alugando espaços que não os pertencem. Em um mundo que habitam enquanto o ignoram. Fugindo de olhares que procuram. Inventando abajures. Pois ainda tem medo do escuro.
Solucionando problemas matemáticos. Somando notas que não acabam. Derrubando riquezas verticais. Enquanto os gráficos delatarem “MAIS”. Tornando-os mais ricos. Lotando os abrigos que não os confortam. Abraçando causas que não suportam. Vestindo palavras que não acreditam. Votando em homens que não confiam. Apertando mãos. Enquanto os pés preparam-se. Até que seja dada a rasteira sem que se marque a falta. Espanando a poeira. Sorrindo inabaláveis. Visualizando preços instáveis. Pagando mulheres que os satisfazem. Por preços lamentáveis.
Bebendo ácidos que os corroem. Corrompendo laços que os constroem. Sentindo gostos que se abstraem. Pensando em números. Assistindo a jornais que não os abalam. Fazendo sexo pensando no seu orgasmo. Mandando flores pelo significado. Não por sua beleza. Deixando comida na mesa. Jogando cigarros no chão. Deixando os sonhos sem dormir. Simplesmente pra conseguir. Estando tão perto. Eis o que temos aqui. O ser humano finda-se. Antes de usufruir.
Deixando qualquer coisa que tenha sido. Descrito no que significava. Não sabendo ele o que o representava. Se um filho da pu#% ou pai amado. Somente pelo descuidado de não estar presente e ter enviado presentes. Não podendo arrepender-se. Ou testar-se. Recomeçando de onde parasse. Fazendo o mesmo. Mesmo que tentasse. Apenas mais humano. E mais errado. Começando pelo pecado. De talvez, nunca ter amado.



Nem a si. Ou seus objetivos. Por que uma vez tocado pelo sucesso qual seria a sensação vazia de não poder compartilhá-lo? Quantos seriam os dígitos que o satisfariam? Nunca imprimiremos dinheiro suficiente para satisfazermo-nos. Nunca nos amaremos o suficiente para dele nos desfazermos. Nos o possuímos enquanto somos possuídos. Assim como todas as coisas que não deixaríamos para trás. As pessoas pelo contrario, fazem a escolha de vir ou não conosco. Eu não as abandonaria tão fácil nem mesmo por um pedaço de papel gélido e colorido. Ele se desbotaria em minhas mãos. Assim como me desboto no mundo.

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